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Assembleia dos movimentos sociais no FST define luta contra golpismo e em defesa da democracia
militantes de movimentos sociais aprovaram por consenso uma carta de compromissos gerais e específicos, com destaque para a luta contra o golpismo e em defesa da democracia
23/01/2016




Em assembleia ocorrida no final da manhã deste sábado (23), último dia do Fórum Social Temático (FST), centenas de militantes de movimentos sociais aprovaram por consenso uma carta de compromissos gerais e específicos, com destaque para a luta contra o golpismo e em defesa da democracia, bem como uma jornada de mobilizações para o próximo período.

O encontro foi realizado no auditório Araújo Viana e coordenado por três mulheres: Vitalina Gonçalves, secretária de finanças da CUT-RS; Eremi Melo, secretária-geral da CTB-RS; e Suelen Aires Gonçalves, representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM).

“Nós, todas e todos, dos movimentos sociais, das mais diferentes matizes, queremos aprovar a nossa carta e a nossa jornada de luta. Por isso, em nenhum lugar do mundo, vai ter golpe. Vai ter luta”, foi o texto lido por Suelen e repetido com força por homens e mulheres que participaram da assembléia, encerrando em grande estilo o FST que marcou os 15 anos do Fórum Social Mundial, promovido pela primeira vez em 2001, na capital gaúcha.

O documento final da carta e as moções aprovadas serão disponibilizados na próxima terça-feira (26) no site do FST.

Compromissos assumidos

A assembléia começou com a leitura de um texto-base da carta, construído de forma coletiva por várias entidades. Em seguida, houve 20 manifestações de participantes, por ordem de inscrição, que apresentam adendos e moções para aprovação. Os principais temas abordados foram democracia, educação pública e popular, economia solidária, saúde, luta anti-manicomial, direitos dos trabalhadores, das trabalhadoras, das mulheres, dos negros, das negras, da juventude, da população LGBT, indígenas, quilombolas, luta do povo palestino, luta pela democratização da comunicação, mobilidade urbana, direito à moradia, meio ambiente, entre outros.

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, defendeu a realização de auditoria nas dívidas dos países, a exemplo do Equador, para verificar as condições em que foram contratadas. “É uma questão complexa e deve ser um compromisso de luta de todos os movimentos sociais”, conclamou.

Ele propôs que no próximo dia 1º de maio sejam organizados atos unitários contra o golpismo e em defesa da democracia. “Para nós, a democracia é um valor. Já para o capitalista é um empecilho porque o que ele quer é ganhar dinheiro”, destacou Claudir.

A diretora da CUT Nacional, Contracs e Semapi-RS, Mara Feltes, usou a palavra para pedir a aprovação de uma moção de repúdio “às criminosas ações antissindicais e constantes atropelos à legislação por parte das transnacionais Wal Mart e Mc Donald’s, que vêm precarizando as relações de trabalho, com enorme prejuízo não só para os salários e direitos, como também para a saúde e segurança dos trabalhadores e das trabalhadoras de suas unidades”.

“Os participantes da oficina reivindicam maior fiscalização do Estado e maior rigor na apuração das denúncias, realizadas por diversas entidades sindicais, a fim de que a justiça prevaleça sobre a impunidade e que os direitos dos trabalhadores em todo o Brasil e no mundo sejam respeitados e garantidos, sem que as políticas das empresas possam se sobressair sobre as legislações locais, estaduais, nacionais e internacionais”, destaca o texto lido por Mara.

O secretário de Meio Ambiente da CUT-RS, Paulo Farias, alertou para a tragédia ambiental de Mariana (MG) e apresentou uma moção a ser enviada ao governador Fernando Pimentel e à presidenta Dilma, cobrando mais ações do poder público para fiscalizar e responsabilizar criminalmente as mineradoras Samarco, Vale e BHP.

Farias propôs também o envio de uma carta ao Papa Francisco, que tem se manifestado em favor do meio ambiente. “Nós não podemos dar trégua ao capital e deixar que esse crime em Mariana caia no esquecimento”, disse Farias.

Vários oradores ressaltaram a necessidade de defesa da manutenção dos mandatos de governantes eleitos democraticamente no Brasil e na América Latina. “Não vai ter golpe, vai ter luta”, enfatizaram.
Boaventura presente

O professor e sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra e da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (Upms), fez também uma saudação aos movimentos sociais durante a assembleia. “Foi uma semana emocionante”, disse. “Saímos daqui com muito mais força, mais seguros dessa força e mais conscientes dos perigos e das dificuldades, dos obstáculos e dos inimigos contra quem temos que lutar”, pontuou.

Boaventura, que participa ativamente desde o 1º FSM, fez um balanço desses 15 anos. Para ele, o FSM surgiu em um tempo de esperança. “Estávamos no único continente onde era possível se falar em socialismo no século 21”, disse ao se referir à onda de eleições de governos democráticos e progressistas que ocorreu na América Latina no início do século. Ele destacou que uma das vitórias do FSM foi sustentar e articular os movimentos sociais que foram a base das políticas sociais desses países.

O sociólogo avaliou também que em 2001 “fazíamos lutas ofensivas”, um contraponto ao Fórum Econômico de Davos, buscando construir uma simetria de forças entre o mundo real, neoliberal, e o “outro mundo possível”. Essa simetria não se sustentou: “Em 2016 fazemos lutas defensivas”, frisou. “Não se fala hoje em socialismo, mas em democracia e contra o golpismo”.

Ele observou que, depois que os movimentos populares chegaram ao poder, “concluíram que tinham um amigo no governo e descansaram”. Para Boaventura, “é preciso defender, mas a melhor maneira de defender é atacar”. E arrematou: “Não podemos deixar que nos esqueçam. Nós não podemos nos esquecer de nós próprios”.

O português elogiou a proposta defendida pelo presidente da CUT-RS pela realização de auditorias nas dívidas dos países. “Na Grécia não avançou, mas evoluiu no Equador”, salientou. Conforme ele, “foram os ataques à Síria e à Líbia que promoveram essa avalanche de migrações”.

“Lutai com solidariedade”, apontou Boaventura, que voltou a pregar mais união na esquerda. “Não temos ainda unidade suficiente entre nós”. Ele alertou que “a rua não é nossa” diante das iniciativas da direita em disputar o mesmo espaço. Ao final, fez um apelo aos movimentos “contra as lutas mesquinhas” pelo poder. “Se formos fortes, a luta será forte, concluiu.

Racismo e violência

Vitalina, Eremi e Suelen condenaram na assembléia o episódio de racismo, ocorrido na quinta-feira (21), quando um palestrante negro de Pernambuco foi abordado pela Brigada Militar por “atitude suspeita”. Graças à reação de populares, os policiais desistiram de levá-lo para uma delegacia.

Elas também denunciaram a agressão sofrida por uma mulher durante a marcha de abertura. “A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”, reagiram os participantes.

Rumo ao Canadá

Antes do encerramento da assembléia, Carminda Mac Lorin, integrante do Fórum Social Mundial 2016, que ocorre em agosto em Montreal, no Canadá, fez um chamado à participação no evento. “O FSM é um momento de fazer convergências e temos que nos unir. Juntos e juntas, outro mundo é possível”, ressaltou. “Sigamos com os sonhos coletivos do FSM”.

Uma faixa com os dizeres “FSM 2018 em Cuba” foi estendida no final por vários militantes em frente ao palco.

 

 

Fonte: CUT-RS

 
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